domingo, 24 de fevereiro de 2008

Magia do sexo


Não há verdades absolutas, apenas as minhas opiniões acerca de factos passados a que assisti, directa ou indirectamente.
Quando encontramos e reconhecemos a nossa alma gémea, nem sempre o nosso destino será ficar com ela nessa altura.
Ficamos assim com a alma presa, pois apesar de a reconhecermos como o nosso par, sabemos que os nossos estados de evoluçao não são iguais, e por isso um de nós tem que evoluir sozinho em vivencias diferentes.
Mas apesar de amarmos essa pessoa o suficiente para ficarmos felizes, só de a ver feliz, mesmo que com outra pessoa, durante um tempo temos o nosso periodo de "não vida".
A "não vida" é uma altura em que nos deixamos simplesmente ficar, sem ter vontade de ter relacionamentos com outras pessoas que não sejam a que nós amamos.
Já vi periodos de "não vida" durarem minutos, dias, meses e até anos.
O que aqui relato durou oito anos.
Cat é a nossa heroina.
Oito anos sem sexo, abraços, ou mesmo um unico beijo na boca.
Foi muito tempo... o que criou um hábito de defesa.
Não permitia a entrada de homens num perimetro que não fosse o da amizade.
Até conhecer uma pessoa especial.
Bandido por natureza, tem fama de conseguir todas as mulheres que quer.... e ele quer muitas.
Fisicamente, nada de especial.
Pele morena, olhos verdes e uma estatura um pouco baixa e robusta.
Podemos chamar-lhe João.
João não estava dentro do tipo de homens que habitualmente atraia Cat.
Conheceram-se no MSN, por intermédio de um amigo comum e começaram a falar.
As conversas foram ficando cada vez mais intimas, pois o facto de as pessoas não se olharem nos olhos consegue quebrar alguns tabus, que existem numa convivencia normal.
Estas novas formas de contacto são sempre ambiguas. Por um lado existe o perigo de não sabermos quem está do outro lado, por outro a facilidade em contar coisas que pessoalmente nunca seriam ditas.
Mas o interesse de Cat não era real. Apenas se começava a sentir viva, por haver um flirt com uma pessoa que ela sabia dizer exactamente o que precisava de ouvir.
João é especial, exactamente por isso.
Mesmo tendo perfeita consciencia que estava a ser seduzida, Cat começou a sentir-se bem em baixar as defesas finalmente.
Na véspera de Natal, decidiu ligar-lhe para desejar um Bom Natal.
Finalmente, o contacto auditivo.
Não tinha uma voz tão segura, como o discurso escrito, mas a jovialidade dessa voz fazia-a desejar deixar de ter medo do contacto.
Deixou passar algum tempo e finalmente encontraram-se de novo no MSN.
Cat pensou não ter nada a perder e conheceram-se pessoalmente nesse mesmo dia, com a segurança confortável de estarem com mais alguns amigos.
Faltavam duas noites para a passagem de ano.
Ao primeiro contacto Cat manteve o desejo.
Estudou o cheiro, o olhar, a linguagem corporal.
João o bandido, afinal não era mais que um miudo assustado.
Mas um miudo sexy e atraente.
Pensou como afinal gostaria que o encontro tivesse sido em privado.
Não houve muito assunto, somente a análise da expressão.
Quando o encontro acabou, Cat ficou um pouco insegura.
O medo de não ter agradado começou a passar pela sua cabeça, fruto de todos os anos sem contacto fisico.
O que parece ser a nossa melhor defesa, deixa feridas graves na nossa autoestima.
Passaram dois dias.
Era a noite da passagem de ano 2006/2007.
Foi uma noite um pouco melancólica para Cat, por isso decidiu deitar-se a seguir à meia noite.
Já tinha deixado de pensar em João, convencendo-se que ele tinha ficado desiludido de alguma forma.
Às três e meia da madrugada o som do telemóvel fez Cat acordar.
Era João.
-Posso ir ter a tua casa?
A pergunta fez Cat ficar com o batimento cardiaco acelerado como se fosse um guerreiro e se preparasse para entrar numa batalha.
Acedeu.
Não fizeram amor. Fizeram sexo.
Sem medo das palavras e das recriminações de uma relação, o sexo não é uma coisa feia.
As más intenções e o mau sentido do sexo é a nossa sociedade hipócrita que os cria.
Não existe mal nenhum em fazer sexo só porque sim.
Sexo não é nem o que nos motiva, nem o fim do mundo, mas sim e apenas duas (ou mais) pessoas que precisam de se sentir tocadas e tocar, sem preconceitos ou falsas morais.
A vantagem que Cat tirou dessa noite, foi que a sua autoestima ficou quase refeita.
A desvantagem foi que a sensação de euforia que provoca, é viciante.
Mas mesmo com essa pequena desvantagem.... Obrigada João, por teres deixado a Cat viva de novo.

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