segunda-feira, 31 de março de 2008

O Anjo



Cat esperou ansiosa pela hora de se encontrar com José.
Ansiava por ouvir de novo a sua voz macia.
Ao chegar e quando ele lhe disse "boa noite", sentiu-se derreter por dentro.
Falaram durante algum tempo, mas Cat não tomou atenção às palavras, apenas olhava para os lábios de José, imaginando-os a beijar o seu corpo.
Notou que José tinha parado de falar, e fez um esforço para retomar a conversa, perguntando se ele estava cansado.
-Sim, estou um pouco cansado - respondeu José.
- Queres uma massagem nas costas?
José acedeu.
Cat colocou as mãos nos seus ombros, sentindo os músculos tensos por baixo da t-shirt.
A medida que massajava, sentia-se aquecer por dentro.
Notou que a massagem o deixava levemente trémulo.
Massajou-lhe os ombros, e sem se conseguir conter mais, passou os lábios ao de leve roçando-os pelo pescoço e pela nuca.
- Queres que pare? - perguntou Cat.
- Não. Podes fazer o que quiseres...
- Tudo?
- Sim... o que quiseres.
Cat roçou novamente os lábios mas desta vez entreabriu-os, e percorreu o pescoço de José com a sua língua húmida e quente.
Com meiguice, tirou-lhe a t-shirt, e percorreu com a língua as suas costas, continuando a massajar com as mãos.
Beijou-lhe a barriga, passando levemente a língua.
Tentou abrir as calças de José, mas o cinto não a deixou fazê-lo.
Ele sorriu e abriu a fivela.
Cat beijou-lhe os lábios sentindo com a sua mão o seu pénis erecto.
José tinha uma maneira de colocar as mãos nas suas costas que a faziam sentir-se completamente abraçada.
Era uma sensação indescritível.
José parecia saber exactamente a maneira melhor de a fazer sentir-se excitada, como se aquela não fosse a primeira vez que se tocavam.
Todas as suas inibições e bloqueios, pareciam não fazer sentido quando estava com ele.
Quando ele a penetrou, sentiu que o seu corpo explodia de prazer, e foi pedindo mais e mais, tentando prolongar aquela sensação.
Finalmente conseguíra libertar-se por completo.
Há pessoas que são colocadas no nosso caminho, para nos tornarmos melhores, mais completos.
Essas pessoas são anjos, mesmo que elas próprias não o saibam.

O Bem e o Mal


Existe na cabeça das pessoas uma luta bem definida entre o Bem e o Mal.
Na realidade as coisas não são assim tão lineares.
Em Agosto, o Verão decorria quente e cansativo.
Cat chegava sempre exausta do trabalho, e passava o resto da noite a fazer amizades no MSN, pois isso permitia-lhe descansar o seu corpo moído.
Aceitou um pedido de amizade de uma portuguesa emigrada em Inglaterra, que voltara há pouco para Portugal, e não conhecia cá muita gente.
Ao início achou-a engraçada, pois falava de uma forma desinibida acerca de assuntos que a maioria consideram tabus.
Teresa falava sempre de sexo, tanto que já se tornava cansativa.
Uma noite ela pediu para falarem a três, apresentando-a assim a um amigo.
Foi dessa forma que Cat conheceu José.
No primeiro dia, achou-o timido e misterioso demais, por isso desconfiou que pudesse ser alguém conhecido a pregar uma partida.
Saiu da conversa bruscamente.
Teresa contactou-a noutra janela a perguntar o que se tinha passado.
Desfeito o engano, começaram a conversar e em breve ficava amiga de José.
Havia alguma coisa nele, que a cativava.
Ao mesmo tempo Teresa tornara-se inconveniente, tentando seduzir Cat, para fazerem sexo com um homem.
Decidiu evitar mais conversas com ela, pois começava a sentir-se invadida.
Mesmo sem Teresa, continuaram a conversar e a enviar mails.
Ao fim de alguns dias, percebeu que se tratava de um colega de João.
Achou piada à coincidência, mas decidiu não ligar ao assunto.
Uma noite que ele estava a trabalhar, decidiu ir conhece-lo pessoalmente.
Apesar de ter uma ideia do caminho, pediu informações a José, pois não se conseguia recordar dos pormenores.
Ao vè-lo, achou que as fotos não lhe faziam justiça, pois era muito mais atraente.
De estatura média, e uns doces olhos verdes, apresentava evidentes sinais de nervosismo.
Ao cumprimentar José com dois beijos na face, sentiu o seu cheiro incrivelmente sexy.
Sentiu-se corar um pouco e tentou não pensar nisso, pois não queria que ele se apercebesse dos seus pensamentos.
Conversaram durante horas.
José tinha um efeito calmante e fazia-a sentir que já o conhecia há anos.
Apesar de ser mais novo que ela, a calma do seu carácter denunciava uma alma que já devia circular neste mundo há bastantes séculos.
Notou que ele evitava tocar-lhe.
Decidiu provocar alguma reacção e falou-lhe de um problema que tinha no pulso, pedindo-o que ele o envolvesse com a mão para sentir os ossos a estalarem, e ele hesitou.
Perguntou-lhe porque não o fazia, ao que ele respondeu que tinha prometido não lhe tocar.
Cat sorriu e disse não haver problema.
José estendeu a mão rodeando-lhe o pulso.
Cat teve que se conter, para não estremecer com o toque da mão de José.
Era uma mão macia e quente.
Já há muito tempo que não sentia um toque tão envolvente.
Desejou que ele a puxasse para si e a beijasse, mas manteve a aparência desinteressada.
Estava-se a fazer tarde, por isso combinaram encontrar-se de novo no dia seguinte.
Cat saiu e pensou como era estranha a coincidência de trabalharem os dois no mesmo sítio, mas preferiu mais uma vez não dar importância ao facto.
Também achava estranha toda a conversa de Teresa acerca de sexo e a maneira como foram apresentados.
Mesmo assim sabia reconhecer uma boa pessoa, e era isso que José era.
E pensou que por vezes, o Bem tem maneiras estranhas de se manifestar.
Muitas vezes uma coisa que nos parece estranha, é exactamente o que nos traz mais prazer.




quarta-feira, 19 de março de 2008

Mensagem trocada


Cat chegou a casa depois daquele jantar enervante.
Arranhada e suada decidiu tomar um duche para tentar recuperar a boa disposição.
Deixou a água correr afastando a má energia.
Ficou um pouco mais relaxada, mas ainda não conseguiria dormir.
Sentou-se em frente do computador, e ligou-o.
Abriu o MSN e viu quem estava online antes de se tornar visível.
Precisava de falar a alguém sobre o sucedido.
Viu João, mas decidiu que não era com ele que queria falar.
Viu também a sua amiga Luisa, e iniciou a conversa.
Começou a contar o que se tinha passado com Melro.
Luisa ia respondendo com alguma lentidão, o que a confundiu um pouco, pois não era costume.
No rodapé do seu monitor apareceu uma janela laranja.
Era João.
Decidiu não responder.
Outro som anunciou uma entrada online.
Era Melro, que acabava a iniciar a sessão.
Antes que pudesse sair, apareceu uma janela de conversação.
- Espero que estejas feliz com o que fizeste!
Sentiu-se ferver de irritação.
Cat foi respondendo a Melro, com fúria, enquanto ia contando o que se estava a passar à sua amiga Luisa.
No meio dessa agitação, não reparou que uma das mensagens iradas que mandava para Melro, tinha sido escrita por engano na janela de João.
A resposta foi imediata.
Cat pediu-lhe desculpa, explicando o engano.
João respondeu que ela parecia precisar de descontrair, e perguntou se não queria encontrar-se com ele.
Cat pensou por uns momentos, hesitante.
Apesar de tudo apetecia-lhe descontrair e João era a pessoa indicada para a fazer esquecer aqueles incidentes desagradáveis.
Aceitoou o convite de João.
Vestiu uma roupa simples e saiu.
O ar da noite estava fresco, mas apesar disso sentia-se um pouco zonza.
Pensou que talvez não fosse prudente pegar no carro, mas agora que tinha decidido ir, sentia um grande desejo de estar com João.
O carro parecia seguir sozinho pela autoestrada, pois os seus pensamentos voavam dentro da sua cabeça.
Durante o jantar com Melro, sentira-se como se fosse a presa de um caçador, mas agora o seu instinto fazia-a sentir-se o próprio caçador.
Saiu da autoestrada pelo acesso que João lhe indicara, e tentou seguir as direcções que este lhe dera.
Ele estava a trabalhar, por isso não conhecia o sítio onde tinham combinado.
O facto de ser um locao de trabalho, em vez de a fazer sentir-se constrangida, dava ao encontro um apelativo sabor a fruto proibido.
Absorta nesses pensamentos, foi seguindo o caminho e em breve reparou que estava perdida.
Ligou para ele.
Quando ele atendeu, a sua voz jovial, provocou-lhe um arrepio de excitação.
- Estás perdida?... Pois ... Não conheces bem este lugar...
Retomou o caminho e em breves instantes chegou perto de João.
Ele veio busca-la à porta.
- Vem atrás de mim... não podes ser filmada pelas câmaras de vigilância.
Seguiu-o, sentindo-se um pouco tonta, pois o seu corpo ainda não eliminara totalmente a sangria que bebera ao jantar.
Ele andava depressa e ao tentar segui-lo, estava a ficar cada vez mais tonta.
- Espera! - disse - Deixa-me apoiar no teu ombro.
Ele olhou para ela e sorriu.
Um sorriso bonito, que lhe dava um ar quase infantil.
Ela estendeu a mão para o ombro de João, e ele atrasou um pouco o passo.
-Eu sei o que se passou...- disse João - Eu estava a falar com a Luisa e ela contou-me tudo.
Cat sorriu e percebeu porque razão ele a convidara. Era a forma que encontrara de a proteger e de a tentar animar.
Pensou que nunca mais chegavam, e sentia-se tão zonza, com tantas voltas que se quizesse sair de lá, não sabia se conseguiria.
Passaram uma porta, no final de umas escadas e entraram numa sala enorme e escura, com apenas uma mesa e algumas cadeiras.
- O que é este sítio? - perguntou Cat.
- Nada. Um escritório que não está a ser utilizado.
Cat pousou a mala numa das cadeiras e virou-se de costas para João, para tirar o blusão.
João encostou-se as suas costas, rodeando-lhe a cintura com os braços e puxou-a para ele com meiguice.
Beijou-lhe a nuca e sussurou ao seu ouvido: - Vem cá...
Cat virou-se procurando a boca de João com os seu lábios húmidos.
Beijaram-se meigamente
Cat estranhou um pouco, pois ele sempre fora muito mais carnal.
Toda a dureza que aparentava normalmente, era anulada pela meiguice dos seus beijos.
Abraçou-o, deixando que a boca dele percorresse o seu pescoço e o peito.
Sentindo a rigidez dos seus mamilos João, apertou-os levemente com a ponta dos dedos fazendo-a estremecer.
As mãos de João foram descendo, pela sua barriga e até ao interior de suas coxas, onde afastaram ligeiramente as pernas de Cat.
Cat correspondeu afastando as pernas e expondo o seu clitóris. Ele tocou-lhe meigamente com os dedos, fazendo com que Cat sentisse uma onda de sensações, subir por todo o seu corpo.
As mãos de Cat procuraram o pénis de João, guiando-o até si.
Sentiu-o penetrar na sua vagina, deixando o prazer invadir o seu corpo na totalidade.
O facto de não haver amor, tornara-a egoísta.
Sentia um grande carinho por João, até porque ele tinha um olhar de miúdo meigo e assustado, que contrastava com a sua maneira segura de agir.
Mas para ela apenas importava o seu próprio prazer.
Era uma fase de libertação.
Sempre que tivera um namorado por quem estava apaixonada, fora generosa demais, mas agora começava a gostar cada vez mais de fazer as coisas só pelo seu próprio prazer.
Por vezes, para nos encontrarmos a nós próprios, basta quebrar algumas regras que nos auto-impusemos.
Todas as regras são feitas para serem quebradas em alguma altura, e quem terá mais direito a isso do que quem as criou?....