segunda-feira, 31 de março de 2008

O Bem e o Mal


Existe na cabeça das pessoas uma luta bem definida entre o Bem e o Mal.
Na realidade as coisas não são assim tão lineares.
Em Agosto, o Verão decorria quente e cansativo.
Cat chegava sempre exausta do trabalho, e passava o resto da noite a fazer amizades no MSN, pois isso permitia-lhe descansar o seu corpo moído.
Aceitou um pedido de amizade de uma portuguesa emigrada em Inglaterra, que voltara há pouco para Portugal, e não conhecia cá muita gente.
Ao início achou-a engraçada, pois falava de uma forma desinibida acerca de assuntos que a maioria consideram tabus.
Teresa falava sempre de sexo, tanto que já se tornava cansativa.
Uma noite ela pediu para falarem a três, apresentando-a assim a um amigo.
Foi dessa forma que Cat conheceu José.
No primeiro dia, achou-o timido e misterioso demais, por isso desconfiou que pudesse ser alguém conhecido a pregar uma partida.
Saiu da conversa bruscamente.
Teresa contactou-a noutra janela a perguntar o que se tinha passado.
Desfeito o engano, começaram a conversar e em breve ficava amiga de José.
Havia alguma coisa nele, que a cativava.
Ao mesmo tempo Teresa tornara-se inconveniente, tentando seduzir Cat, para fazerem sexo com um homem.
Decidiu evitar mais conversas com ela, pois começava a sentir-se invadida.
Mesmo sem Teresa, continuaram a conversar e a enviar mails.
Ao fim de alguns dias, percebeu que se tratava de um colega de João.
Achou piada à coincidência, mas decidiu não ligar ao assunto.
Uma noite que ele estava a trabalhar, decidiu ir conhece-lo pessoalmente.
Apesar de ter uma ideia do caminho, pediu informações a José, pois não se conseguia recordar dos pormenores.
Ao vè-lo, achou que as fotos não lhe faziam justiça, pois era muito mais atraente.
De estatura média, e uns doces olhos verdes, apresentava evidentes sinais de nervosismo.
Ao cumprimentar José com dois beijos na face, sentiu o seu cheiro incrivelmente sexy.
Sentiu-se corar um pouco e tentou não pensar nisso, pois não queria que ele se apercebesse dos seus pensamentos.
Conversaram durante horas.
José tinha um efeito calmante e fazia-a sentir que já o conhecia há anos.
Apesar de ser mais novo que ela, a calma do seu carácter denunciava uma alma que já devia circular neste mundo há bastantes séculos.
Notou que ele evitava tocar-lhe.
Decidiu provocar alguma reacção e falou-lhe de um problema que tinha no pulso, pedindo-o que ele o envolvesse com a mão para sentir os ossos a estalarem, e ele hesitou.
Perguntou-lhe porque não o fazia, ao que ele respondeu que tinha prometido não lhe tocar.
Cat sorriu e disse não haver problema.
José estendeu a mão rodeando-lhe o pulso.
Cat teve que se conter, para não estremecer com o toque da mão de José.
Era uma mão macia e quente.
Já há muito tempo que não sentia um toque tão envolvente.
Desejou que ele a puxasse para si e a beijasse, mas manteve a aparência desinteressada.
Estava-se a fazer tarde, por isso combinaram encontrar-se de novo no dia seguinte.
Cat saiu e pensou como era estranha a coincidência de trabalharem os dois no mesmo sítio, mas preferiu mais uma vez não dar importância ao facto.
Também achava estranha toda a conversa de Teresa acerca de sexo e a maneira como foram apresentados.
Mesmo assim sabia reconhecer uma boa pessoa, e era isso que José era.
E pensou que por vezes, o Bem tem maneiras estranhas de se manifestar.
Muitas vezes uma coisa que nos parece estranha, é exactamente o que nos traz mais prazer.




Sem comentários: